terça-feira, 17 de novembro de 2009

A segunda Mensagem: Crispim, o rapaz que foi considerado Judeu


Nos seus tempos livres, Crispim dedica-se às máquinas, à ciência. A semana passada conseguiu finalmente acabar o seu grande projecto: a maquineta temporal. O nome diz tudo. Crispim contruiu a tal maquineta para voltar atrás no tempo, uma ou duas semanas, para acertar na chave do Euromilhões e juntar-se rapidamente à vida luxuosa de Berard ou Cristiano Ronaldo.
Ansioso por experimentar a sua invenção (que demorou dois dias e vinte minutos a construir) meteu-se na maquineta, que era uma espécie de banheira, toda ornamentada, porque para Crispim o conforto era uma prioridade e viajar no tempo tinha de ser tudo menos desconfortável.
Até hoje, Crispim não sabe o que poderá ter corrido mal, mas a verdade é que não viajou apenas uma ou duas semanas mas uns setenta e um anos, mais coisa, menos coisa.
A verdade é que Crispim viajou até um dos períodos mais negros da História mundial, até aos anos 30,quando os totalitarismos reinavam na Europa. E foi cair na Alemanha. Foi cair no meio do caos, onde o fogo e o fumo tapavam os céus, e os vidros partidos das lojas destruídas tapavam o chão.
Ouvia berros e choros...a sinagoga estava em chamas. Crispim, com toda a sua cultura (crispim adorava ler) percebeu que estava a presenciar a " Noite de Cristal". Teria viajado até 1938? Parecia-lhe que sim. Festejou. Asua missão de ganhar o Euromilhões tinha ido por água abaixo mas ao presenciar esta noite de 9 a 10 de novembro, ao presenciar o "ínicio do Holocausto" poderia voltar ao século XXI, escrever um livro e chegar ao estatuto de Dan Brown. Sim, parecia-lhe bem! Mas Crispim, com o seu ar doente e perdido, e o seu nariz saliente, foi logo confudido com um Judeu. Fugiu, escondeu-se. Sabia que o instinto selvagem, a força e a implacabilidade dos soldados nazis era mais forte que o pequeno e hediondo rapaz pinguim. Mas também sabia que até ele, Crispim, tinha mais cérebro que aqueles que foram intitulados como a Juventude Hitleriana. Mesmo assim não queria parar num campo de concentração, onde milhões de Judeus, Ciganos e Eslavos eram mortos e pior... torturados.
Ali estava Crispim, fugitivo da Gestapo, dos nazis. A sua maquineta tinha falhado num momento crucial de fuga, o que o obrigou a abrigar-se num sotão podre, juntamente com outros fugitivos, onde procedeu ao arranjo da máquina que agora jé nem merecia um nome digno ou um lugar no seu livro de invenções preferidas. Desejava, implorava para que a sua invenção não o levasse até ao espaço vital de Hitler (onde o massacre iria ser igualmente mau) ou a outro país totalitarista, como a Itália fascista, comandada por Mussolini desde 1922 ou até à caótica Rússia soviética, governada por Estaline.Mesmo assim, qualquer um destes países seria melhor do que aquele onde tinha aterrado,onde estava a decorrer um genocídio nas ruas cinzentas e tristes.
Por ter um QI mais alto que o de Einstein, ou por mera sorte, Crispim resolveu o problema da maquineta temporal e num ápice viajou de volta ao século XXI, mesmo quando os soldados entraram pelo sotão. Regressou agradecido pela sua vida, e logo se dedicou à escrita do seu Best-seller. Pena que os media o tenham considerado um débil mental. E Crispim continuou um revoltado e apagado da sociedade.

O Crispim
(sara)

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